Se já não bastasse para um adolescente ter os problemas normais, como intermináveis pressões para ter um físico adequado, questões a respeito da puberdade (meninos) e sexualidade à menstruação e “ser mulher” ( lógico, meninas). Alem disso tudo, acrescente uma doença crônica, sem cura, e o que você terá é a vida diária de garotas adolescentes com diabetes tipo 1, também conhecida como Diabetes Juvenil.
Segundo a Dra. Paula Yutzy, educadora em Diabetes no Centro de Diabetes da “Mercy Medical Center”, “Adolescência é uma doença nojenta, vil. E a diabetes a faz ser pior ainda. A diabetes tipo 1 é relativamente comum entre crianças. Afeta um em cada 600 crianças. E como doença, a diabetes acarreta problemas e conseqüências especialmente na adolescência. “Um dos maiores problemas das adolescentes é a desordem alimentar. Todas querem ser magras, iguais as modelos”, explica a Dra.Yutzy.Todavia, esse problema para as adolescentes diabéticas tem um nome: diabulimia.
É uma desordem perigosa que pode causar alterações complicadas na vida do adolescente. Diabulimia é uma desordem alimentar específica que afeta somente pessoas com diabetes tipo 1. Segundo a explicação da Dra. Yutzy, “quando o açúcar no sangue está elevado, você perde peso. O jeito de fazer isso é deixar de aplicar a insulina. Algumas garotas aprendem rápido que se você quiser perder alguns quilos, é só deixar de tomar algumas injeções de insulina”.
Não fique chocado se isso parece extremamente perigoso, na realidade é muito perigoso. “Não é necessário vomitar. Não é necessário ter diarréia. Não é necessário laxativos”,diz o Dr. Stuart Brink, médico endocrinologista no “New England Diabetes and Endocrinology Center”. “Você só tem que deixar o açúcar alto”.
Pessoas com diabetes necessitam de insulina para processar o alimento e levá-lo para as células do corpo para obter energia. Se não há insulina em seu sangue, seu corpo não pode usar o alimento como energia e você perde uma grande quantidade de calorias do alimento que come. Segundo a Dra. Yutzy, isso pode deixar a pessoa muito doente e até ameaçar sua vida.”É como brincar de roleta russa”.
Deixar de tomar insulina é sinal do mau controle da glicose e portanto, complicações no futuro. Algumas delas: cegueira, falha dos rins e impotência. Mas as preocupações não se limitam ao futuro. Num tempo curto a diabulimia pode causar mais complicações.
Segundo o Dr. Brink, “Em um curto espaço de tempo, seu açúcar está alto, você urina, bebe mais e há uma inexplicável perda de peso. Se você fizer isso durante longo tempo, você terá diabete com cetoacidose. Você terá imobilidade limitada nas juntas. E numa forma mais extrema, terá seu fígado dilatado e falta de desenvolvimento na puberdade”.
Infelizmente há muitas pessoas que arriscam sua saúde e principalmente sua vida.A diabulimia é comum. Há em média de 10% a 20%, ou até mais de 30%. Enquanto as meninas estão mais inclinadas por uma desordem alimentar que os meninos ( 2 meninas para 1 menino), alguns garotos adolescentes tem sua própria maneira de ter desordem alimentar.
O Dr. Brink diz ter tido um paciente que não deixava de tomar insulina, em vez disso, ele se exercitava excessivamente. Como os diabéticos tem que ter um rígido controle sobre suas dietas, hábitos de praticar exercícios e nas aplicações de insulina, um aumento anormal das atividades físicas pode ter o mesmo efeito que deixar de tomar insulina.
A imprensa, filmes, televisões, etc... passam a imagem que um físico bonito é ser bem magro. E há ainda pressão de toda sociedade. E para acrescentar, uma boa administração da diabetes necessita de um bom controle alimentar, o que leva as pessoas a terem uma obsessão por comida. Muitos médicos acham que esta atividade pode ocasionar um mau relacionamento com a alimentação. Toda vez que você vai ao médico, o maior interesse é sobre a alimentação.
Os adolescentes se deparam com o seguinte: a diabetes permite aos mesmos a desordem alimentar e esta faz com que a diabetes fique fora de controle. Você não pode controlar a diabetes enquanto não houver um controle sobre a desordem alimentar. Como muitos adolescentes se cuidam sozinhos às vezes fica difícil detectar o que está errado. Se perguntar aos adolescentes quantas injeções de insulina eles esqueceram de aplicar, sempre dirão que nenhuma.Eles não querem levar bronca.
O Dr. Brink sugere que a pergunta seja feita de outra forma, como: “Fulano, na última semana você deveria ter tomado um X números de injeções, quantas você deixou de tomar? Tem mais psicologia e é perspicaz. Essa aproximação tem dado bons resultados com adolescentes que ficam na defensiva. “Freqüentemente, as crianças que omitem a insulina, estão com medo do que estão fazendo, logo não há resistência para isso”, diz o Dr. Brink.
O mais importante é explicar aos adolescentes, de uma maneira que não imponha medo, a respeito das conseqüências a curto e a longo prazo se deixarem de tomar a insulina por algumas vezes. Tenha certeza que eles entenderam. Que eles saibam quais são as opções e que eles têm escolha.