O Diabetes Mellitus (DM) é algo tão antigo quanto a própria humanidade, descrita desde a antiguidade pela literatura sanscrita como "moléstia da urina doce". Os primeiros registros da doença encontram-se em papiro de Erbs, 1500 anos a.C..
O DM é um distúrbio metabólico caracterizado por deficiência parcial ou total de insulina ou por uma resistência periférica aumentada a esse hormônio, que leva ao aumento dos níveis de glicose sanguínea e suas complicações. Estima-se que 7,5% da população mundial seja portadora de diabetes, sendo que no Brasil cerca de 46,9% dos diabéticos não sabem que possuem a doença.
O diabetes pode ser:
DM tipo 1;
DM tipo 2;
Diabetes gestacional;
Outros tipos específicos.
O diabetes tipo 1 é mais comum em crianças e adolescentes e se caracteriza por destruição progressiva das células do pâncreas (células ?) de origem auto-imune, levando a uma deficiência absoluta de insulina. É por esse fator que o tratamento do DM 1 depende diretamente da reposição desse hormônio diariamente. Estima-se que 1 em 2500 crianças com idade inferior a cinco anos e 1 em 300 pessoas abaixo de 18 anos são portadoras de diabetes mellitus tipo 1. A prevalência é cerca de 60 vezes maior na Finlândia (42,9 por 100.000 nascimentos/ano) que na China (cerca de 0,7 por 100.000/ ano). No Brasil, estudo epidemiológicos evidenciaram um índice de 3,6/100.000 em São Paulo (SP) e em Londrina (PN), 12,7/100.000 habitantes.
As causas da doença estão associadas a antígenos de histocompatibilidade (HLA), principalmente HLA-DR3 e/ou HLA-DR4. Anticorpos circulantes anti-célula da ilhota foram encontrados em 85? dos pacientes testados quando do diagnóstico. Especula-se que a destruição das células ? é desencadeada por infecções (rubéola, cocksakie...) e citocinas liberadas de linfócitos sensibilizados.3 O quadro é geralmente marcado por aparecimento súbito de poliúria, polidipsia, polifagia, perda aguda de peso, cetose, evoluindo com cetoacidose diabética (CAD). Cerca de 25? dos pacientes apresentam um episódio de CAD como primeira manifestação da doença.4 O tratamento deve ser orientado de forma individualizada e exige participação integral de uma equipe multiprofissional, empenho do paciente e auxílio dos familiares. Objetiva-se melhorar os sintomas, controle nutricional, prática de exercícios regulares, prevenção e redução das complicações agudas e crônicas e reeducação do paciente e sua família.
O tratamento adequado é aquele que proporciona todos esses fatores através de um controle da glicemia em níveis ideais, o que reduz os riscos de microangiopatia, retinopatia e nefropatia nesses pacientes, como foi evidenciado no Diabetes and Complications Trial (DCCT), mais importante estudo envolvendo diabéticos tipo 1. Com essas medidas permite-se uma redução da morbi-mortalidade e melhora da qualidade vida do paciente.
O diabetes tipo 2 é conhecido também como diabetes do idoso ou do diabetes do obeso. É o tipo mais comum de DM, sendo responsável por 90% dos casos da doença. Nesse caso, não há destruição do pâncreas, sendo que há presença de insulina porém essa insulina não age de forma adequada. Esse processo é chamado de resistência periférica à insulina aumentada, o que ocasiona a elevação dos níveis glicêmicos e suas complicações. Com isso, no início do tratamento, os pacientes são tratados apenas com dieta, atividade física e hipoglicemiantes orais. Porém, em um estágio mais avançado esse paciente pode também vir a necessitar do uso da insulina.
A grande maioria dos pacientes encontram-se acima do peso ideal. Acomete principalmente indivíduos com mais de 40 anos, com predominância no sexo feminino. Existe uma forte relação de hereditariedade, sendo que mais de 20% dos casos têm um dos pais com a doença. Ao contrário do diabetes tipo 1, não há destruição do pâncreas por anticorpos. São fatores de risco para o desenvolvimento de DM tipo 2:
Ter mais de 45 anos;
Ter parentes de primeiro grau diabéticos;
Estar acima do peso (IMC>25kg/m2);
Ser sedentário;
Ter colesterol elevado;
Ter hipertensão arterial sistêmica (HAS);
Ter doença coronariana;
Diabetes gestacional anteriormente na mulher.
As pessoas que sofrem desse tipo de diabetes raramente desenvolvem o coma diabético. O tratamento envolve educação do paciente, modificações do estilo de vida (atividade física, redução do consumo de álcool e tabaco...), reeducação alimentar e uso de medicamentos, de acordo com caso.
O diabetes, seja de qualquer tipo, deve ser visto como uma nova forma de viver, de gozar a vida com mais prazer, com hábitos de vida mais saudáveis, o mais próximo do normal possível. O acompanhamento com equipe multiprofissional especializada em diabetes é imprescindível para o sucesso do tratamento.
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